Ampliação da Capacidade de Potência de Hidrelétricas: Uma Tendência para o Curto Prazo
Energia Elétrica

Vivemos em uma era de crescente conscientização sobre a necessidade de equilibrar a matriz energética global, reduzindo a emissão de gases de efeito estufa (GEE). No Brasil, essa questão é particularmente relevante devido ao vasto potencial energético em fontes renováveis do país. A meta da ONU estabelecida no COP 28 de triplicar a participação da geração de energia renovável no mundo até 2030 torna essa transição urgente.

O Brasil, com seu imenso potencial hídrico e especialistas em barragens, se destaca como um dos países que mais investem em energia hidrelétrica. Segundo Rodrigo Vaz, engenheiro e desenvolvedor de negócios no setor de energia da SEEL Engenharia, até existem projetos para a construção de grandes novas hidrelétricas, porém, é bem improvável que a maioria saia do papel visto que estão localizadas na Amazônia, onde os impactos socioambientais são significativos. De acordo com a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), o potencial hidrelétrico no Brasil é estimado em 172 GW, dos quais 60% já foram aproveitados. Cerca de 70% do potencial restante está nas bacias Amazônica e Tocantins-Araguaia, enquanto regiões como Centro-Oeste, Sudeste e Sul concentram o maior potencial para usinas menores.

‌Além de cumprir metas globais, o Brasil enfrenta uma demanda interna crescente por energia elétrica, estimada em 2,5% nos próximos dois anos, segundo a Agência Internacional de Energia (IEA). Dessa forma, a tendência para hidrelétricas no curto prazo é investir em pequenas centrais hidrelétricas (PCHs), centrais geradoras hidrelétricas (CGHs) ou através da modernização, revitalização ou ampliação das usinas existentes. Rodrigo Vaz destaca que, até o final de 2023, havia 21,3 GW em novos projetos cadastrados no Plano de Desenvolvimento Econômico (PDE), com conclusão prevista até 2027.

A escolha entre construir novas usinas ou modernizar as existentes não é simples. Uma avaliação precisa do cenário e um planejamento cuidadoso são vitais para qualquer empreendimento no setor elétrico. Investir na ampliação ou modernização de usinas existentes é geralmente mais econômico do que construir novas, especialmente em um cenário complexo para grandes projetos hidrelétricos. Assim, a tendência é que os investidores do setor hidrelétrico foquem em aumentar a capacidade ou modernizar usinas, ou investir em usinas de menor porte.

‌Com investimentos em infraestrutura, especialmente em pequenas e médias hidrelétricas, a capacidade de geração de energia limpa no Brasil pode ser ampliada em 4,7 GW. A EPE, junto com o Fórum Econômico Mundial (WEF) e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), projeta um aumento confiável na capacidade de geração. Para usinas superiores a 100 MW e com vida operativa de pelo menos 25 anos, a EPE mapeou 51 usinas com potencial de repotenciação, totalizando uma adição de 49,9 GW. Além disso, há 7,2 GW de potencial em espaços prontos para novas turbinas, conforme estudo da EPE de 2012.

Rodrigo Vaz destaca que o aumento da capacidade instalada traz benefícios diretos para a população brasileira, como o aumento da geração de energia e a redução do custo para o consumidor final. Com esse aumento de capacidade e o Sistema Interligado Nacional (SIN) podemos aproveitar melhor os reservatórios existentes, , armazenando melhor a água durante períodos de chuva e utilizá-la mais eficazmente para a geração de energia elétrica em períodos de seca ou no complemento das fontes intermitentes.

‌O setor energético brasileiro vive um momento de robustez e investimento. Recentemente, no primeiro semestre de 2024, o Brasil atingiu a marca de 200 gigawatts (GW) de potência centralizada, provando o protagonismo e o sintonia do Brasil com a transição energética vivida no mundo , segundo a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A projeção de crescimento para 2024 é de 10,1 GW, após um acréscimo de 10,3 GW em 2023. Atualmente, as maiores fontes de energia da matriz brasileira são oriundas de fontes renováveis (84,25%), dos quais 55% são hídrica (55%). A tendência é que esses números continuem a crescer, impulsionados por leilões e investimentos no setor.

‌Rodrigo Vaz, com vasta experiência em gestão de obras no setor, afirma que os desafios técnicos e logísticos são significativos, mas a SEEL Engenharia está preparada para enfrentá-los. As obras recentemente concluídas das PCHs de Paciência (MG), Domiciano (MG) e Francisco Gros (ES) demonstram a capacidade da empresa em entregar projetos bem-sucedidos. Já a construção da nova PCH Peti (MG), em andamento, mostra o potencial da SEEL em grandes projetos e a visão estratégica para ampliar seu portfólio em outras obras no setor de energia.

A ampliação da capacidade hidrelétrica no Brasil, através da modernização e repotenciação das usinas, é uma tendência que se alinha às metas de sustentabilidade e à demanda crescente por energia. Com um planejamento adequado e investimentos estratégicos, o país pode continuar a expandir sua capacidade de geração de energia limpa, atraindo investidores e garantindo um futuro energético mais sustentável e eficiente.