Protagonismo da mineração: O papel das construtoras
Mineração

Tive a honra de participar, como painelista no evento  “Protagonismo da Mineração – Oportunidades para o Desenvolvimento Nacional”, organizado pelo GRI Institute Infrastructure em parceria com a SEEL Engenharia.

Representando a SEEL, estive junto do Diretor de Mercado e Governança da SEEL, Eduardo Lapa, e dos colegas Amynthas Gallo , Consultor Sênior – Mineração e Transformação Mineral, BNDES , Daniel Guimarães Medrado de Castro, Subsecretário de Atração de Investimentos e Cadeias Produtivas, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais, Professor Josias Rossi Ladeira , Coordenador de Geotecnia, PUC Minas e Leandro L. Rossi , Diretor Executivo, Mining Hub – O Hub da Mineração .

O tema central do nosso debate foi a colaboração e a necessidade de estreitarmos os laços entre todos os elos da cadeia da mineração. Nosso objetivo comum é criar juntos um ambiente que seja socialmente justo, regulatoriamente sólido e ambientalmente responsável. Somente assim este setor, que é primordial para a nossa economia, poderá se manter protagonista no Brasil.


Minha fala focou na evolução do papel das construtoras e como nossa atuação, cada vez mais estratégica, é fundamental para o futuro do setor.


Do “Commodity” ao Parceiro Estratégico: Uma Mudança de Paradigma

Há pouco tempo, a engenharia na mineração era frequentemente vista como um “commodity”. As construtoras se resumiam a precificadoras de obras pré-concebidas, com pouca voz ativa na concepção dos projetos. No entanto, o cenário atual está em franca transformação, impulsionado por uma nova consciência de parceria sólida entre as construtoras e o setor minerário.

Um exemplo concreto dessa parceria estratégica pode ser visto no desenvolvimento e aplicação de soluções tecnológicas de ponta para a descaracterização de barragens. Graças a essa colaboração, o domínio do uso de equipamentos não tripulados se tornou uma realidade, garantindo a segurança das estruturas e, o mais importante, protegendo a vida dos colaboradores. Sem essa parceria, o avanço nessa área crucial não teria sido possível.


Construtoras como Parceiras Desde a Concepção dos Projetos: O “Early Engagement”

Acredito que as construtoras podem e devem estar cada vez mais integradas ao ecossistema da mineração, e sempre que possível, desde o nascedouro dos projetos – aquilo que o mercado chama de “early engagement”.

Temos tido experiências muito bem-sucedidas nesse sentido em outros mercados onde a SEEL atua, como o de concessões rodoviárias, energia e saneamento. Nesses setores, as parcerias entre construtoras e contratantes são firmadas muitas vezes antes mesmo das concessionárias participarem dos leilões. A construtora já está sentada à mesa com os demais elos da cadeia – projetistas, consultores, público, agências regulatórias, times de O&M  e etc – desde a concepção.

Essa abordagem gera três resultados imediatos e altamente positivos:

  • Resiliência e Expertise: As construtoras trazem anos de experiência e desafios construtivos superados para contribuir com soluções que garantam a resiliência das estruturas propostas para que daqui as 10-15 anos não precisemos de novas intervenções para manter essas estruturas seguras.
  • Viabilidade e Inovação: Garantimos a exequibilidade do Capex previsto, além de propormos soluções inovadoras e alternativas aos projetos pré-concebidos, aumentando a competitividade das concessionárias e otimizando os custos. Essa aproximação marca uma diferenciação clara do modelo antigo, onde as construtoras eram acionadas para realizar os orçamentos apenas após a concessão ser conquistada e os primeiros projetos desenvolvidos. E, dessa forma, por muitas vezes os processos licitatórios eram baseados em orçamentos que não refletiam o Capex real necessário.
  • Previsibilidade e Eficiência: As construtoras obtêm previsibilidade para garantir que os recursos humanos e materiais estejam disponíveis na data da implantação dos projetos, otimizando o cronograma. Na modalidade de contratação convencional, a construtora se vê diante de um desafio onde  descobre que foi declarada vencedora do certame e precisa realizar uma vultuosa mobilização de recursos materiais e humanos (em muitos casos, centenas e milhares de colaboradores) em 30-60 dias. E diante do cenário atual de escazzes de mão de obra, torna-se esse desafio cada vez mais difícil de cumprir

O Elo Social: Construtoras e Comunidade

Além da contribuição técnica, as construtoras possuem um papel social inegável. Na maioria dos casos, especialmente na mineração, ao mobilizarmos uma obra em pequenos e médios municípios, assumimos rapidamente o papel de principal empregador da cidade.

Com isso, precisamos estar profundamente inseridos nas comunidades onde atuamos. Devemos ser grandes parceiros do setor minerário em uma comunicação fluida com a comunidade, informando e educando a população. Isso significa desmistificar a insegurança sobre a mineração e evidenciar sua importância estratégica para a sociedade e para o Estado onde vivem.

É nosso papel também realizar ações sociais de impacto direto e com retorno rápido à população. Isso inclui melhorias na infraestrutura urbana, projetos de capacitação de mão de obra e elevação do nível educacional. O objetivo é que essas comunidades reconheçam a importância do setor e se tornem nossas grandes aliadas.

Nós, por exemplo, temos desenvolvido ações concretas junto às mineradoras nas comunidades próximas às nossas obras, como reforma de escolas e associações de caridade, e iniciativas para uma nutrição mais saudável em escolas locais. O mais relevante é que essas iniciativas são fomentadas pela mineradora desde a fase concorrencial, com verba já carimbada para esse fim, garantindo que as ações sejam executadas e a população diretamente beneficiada.


Conclusão: Uma Mineração Mais Resiliente, Sustentável e Social

Para finalizar, reafirmo que, ao unirmos os elos da cadeia – setor público, entidades, academia, tecnologia, mineradoras e, claro, as construtoras – desde o nascedouro dos projetos, construiremos uma mineração cada vez mais resiliente, sustentável e com um papel social fundamental para o nosso país.

Por isso, entendo que é fundamental fomentar mais debates como o que tivemos ontem, unindo todos os stakeholders para que, juntos, consigamos implementar uma mineração cada vez mais robusta e benéfica para todos.

Texto escrito por: Gabriel Kingma – Head de Desenvolvimento de Novos Negócios na SEEL Engenharia