Recuperação de rodovias: A atuação das concessionárias diante de chuvas torrenciais
Entrevista com Especialista | Rodovias

Em maio de 2024, o Rio Grande do Sul enfrentou uma das piores catástrofes climáticas da história do Brasil, com chuvas torrenciais que causaram enchentes, deslizamentos, abriram crateras e diversos transtornos aos gaúchos. As concessionárias de rodovias estiveram na linha de frente, trabalhando incansavelmente para desobstruir as vias interditadas e garantir a passagem de mantimentos, doações e resgates de pessoas isoladas. O impacto dessas chuvas foi tão significativo que algumas vias permaneceram intransitáveis por um bom tempo, necessitando de reparação completa do solo para garantir a segurança dos usuários.

A CCR ViaSul foi uma das concessionárias atuantes nesse cenário, tendo recentemente concluído as obras de recuperação de um trecho da BR-386, em Pouso Novo (RS). Os trabalhos foram realizados na região do km 297, onde a pista e o talude foram destruídos pela força da água. A SEEL Engenharia foi uma empresa parceira neste projeto e testemunhou a preocupação da concessionária em garantir o retorno seguro da trafegabilidade do trecho.

ENTREVISTA COM ESPECIALISTA

Para falar um pouco mais sobre os desafios enfrentados pela concessionária durante esse período, convidamos a Supervisora de engenharia CCR ViaSul, Larissa Sasso.

Larissa é engenheira civil, Mestra e Doutoranda em Geotecnia, e atua na CCR desde 2022. Seu papel inclui a gestão de contratos, fiscalização, análise de projetos e coordenação de equipes para garantir a qualidade e a segurança nas intervenções realizadas.

  • Após as chuvas de maio do ano passado, quais foram os principais desafios enfrentados na recuperação das vias concedidas à CCR ViaSul? E quais foram as primeiras ações adotadas para o restabelecimento  do tráfego?

Larissa Sasso: “O primeiro grande desafio foi a desobstrução das rodovias, permitindo que os usuários pudessem trafegar e chegar aos seus destinos, especialmente em um momento crítico como esse, onde muitas pessoas estavam isoladas de suas famílias.

A prioridade da concessionária foi garantir a fluidez do tráfego emergencial, o que envolveu a remoção de barreiras, limpeza das pistas e, em seguida, a identificação dos pontos mais críticos e a avaliação da gravidade de cada um. Com essas informações, conseguimos estruturar um plano de ação para a recuperação emergencial dos trechos afetados.”

  • Em relação ao trecho BR 386, KM 297+400, que foi recentemente liberado, como foi conduzida a ação emergencial? Quais foram as prioridades nesse ponto?

Larissa Sasso: “Esse trecho representou um marco para a concessionária, pois foi um dos mais críticos da BR-386. Em maio, tivemos o colapso total da pista devido a um grande deslizamento de encosta.

Nossa primeira ação foi restabelecer o tráfego emergencial com a recomposição parcial da pista, permitindo a passagem de veículos, ainda que em regime de “pare e siga”. Durante todo esse período, equipes trabalharam 24 horas por dia para garantir a sinalização e a segurança no local.

A recuperação desse trecho foi um grande desafio, pois exigiu a recomposição completa da pista e a implementação de soluções técnicas avançadas para estabilizar a encosta. Sua liberação total marcou o encerramento das principais obras de recuperação na rodovia.”

  • Como a CCR Via Sul selecionou os parceiros dessa obra emergencial e o que é considerado um diferencial na escolha de parceiros para serviços que exigem resposta rápida?

Larissa Sasso: “Dado o perfil geotécnico da obra, buscamos empresas com expertise comprovada na recuperação de encostas e estabilização de taludes. Esse tipo de obra exige conhecimento técnico especializado, pois lida com situações complexas e de alto risco.

Além disso, a concessionária sempre prioriza empresas que compartilhem do nosso compromisso com a segurança dos usuários e que tenham capacidade de mobilização rápida para atender emergências como essa.”

  • Como a concessionária está se preparando para enfrentar futuros desafios climáticos, considerando que eventos extremos estão se tornando mais frequentes no Brasil?

Larissa Sasso: “A CCR ViaSul possui um programa contínuo de monitoramento das condições da rodovia. Contamos com equipes mobilizadas para avaliar riscos geotécnicos, estruturais e de pavimentação, além de parcerias com empresas especializadas para identificar pontos de atenção e prevenir problemas antes que se tornem críticos.

Essa abordagem nos permite agir de forma mais estratégica e eficiente, minimizando os impactos causados por eventos climáticos extremos e garantindo maior segurança para os usuários da rodovia.”