No último dia 30, nossa diretoria teve a oportunidade de participar do evento promovido pela Prumo Logística | Porto do Açu sobre transição energética e descarbonização. O evento contou com participação de empresas bastante consideráveis no cenário brasileiro e global.
Confira abaixo um relato de nosso Diretor de Mercado e Governança, Eduardo Lapa.
A abertura do evento foi feita pelo CEO da Prumo, Rogério Zampronha e Joaquim Levy , ex-ministro da fazenda e atual diretor do Safra.
Zampronha abordou a importância da transição energética como necessidade de alavancar novas formas de geração de energia, como crescimento em biomassa, eólica, solar e novas formas de geração.
Pertinente a fala de que “Transição Energética” é o nome que tem sido explorado, mas em países como Brasil, a melhor denominação seria “Diversificação da Matriz Energética”. Energias e Combustíveis fósseis ainda tem grande demanda e continuarão tendo, salienta Eduardo Lapa.
Zampronha reforçou que atração de negócios de óleo e gás, no Porto do Açu foi toda feita e agora o foco é atrair outras empresas, com novas fontes de energia, além de desenvolver indústrias na área do porto (possuem mais de 90 mil KM quadrados disponíveis). Projetos de eólicas marítimas, com licenciamento avançado, uma segunda usina térmica a gás, em construção, projetos avançados de biomassa e de uma planta de hidrogênio mostram isso.
Levy colocou a visão de que exportações devem crescer, mas não significativamente, ao mesmo tempo, aponta cenário de crescimento de 2,5% no PIB para 2024, puxado pelo aumento do crédito e queda dos juros, alavancando consumo. Assim sendo, ressaltou a preocupação com necessidade de investimentos para que o crescimento não se dê somente com aumento de consumo. O crescimento deve estar em cima do eixo de maior industrialização do país, com baixa emissão de carbono, para estar em linha com práticas globais.
Durante a fala, ficou acentuada a necessidade de começar a trabalhar fortemente a adaptação das empresas brasileiras que trabalham com infraestrutura no Brasil para poder atender a demanda de obras públicas (que tendem a diminuir) e demanda de obras de infraestrutura assumidas por consórcios, concessões e PPPs. Estas farão investimentos que, durante décadas, ficaram retidos.
Empresas devem estar preparadas para trabalhar em seus negócios e focar no crescimento neles, mas buscar aproveitar as oportunidades que a transição energética dá para médias empresas. São plantas de todos os tamanhos de eólica, solar, biomassa, produção de baterias e equipamentos. Estas empresas também precisam estar atentas em termo de expectativas de inflação, taxas de juros e a forma como se financiarão. Para aproveitar oportunidades em concessões, PPPs, consórcios e coisas do gênero, é preciso estar atento à necessidade de capital para estes negócios. E ressalta que estes próprios negócios novos, que a empresa entra, podem gerar maior capacidade de alavancagem, uma vez que são negócios de geração de receita em 15 a 30 anos, com segurança jurídica para tal.
Na sequência, Rogério Nogueira, diretor da Vale, falou sobre o impacto do minério no que tange à energia, e vice-versa. Explanou que o impacto de produção do minério se dá na transformação do minério em aço, e que este é um processo onde a Vale tem tentado esforços junto às indústrias siderúrgicas.
Rogério falou sobre necessidade de investimentos maior da iniciativa privada em mineração limpa, e que os países produtores de minério também explorem reservas de combustíveis não fósseis. Como exemplo, citou Austrália, como maior produtor de minério do mundo, produzindo três vezes mais que o Brasil, e explorando seu potencial gigante para o gás.
A Vale já percebe os países se movimentando para um processo grande de descarbonização. Acredita fortemente que se o Brasil não avançar rápido nessa temática, pode acabar perdendo oportunidades grandes de mercado internacional.
Por fim, apontou que todas as empresas que estão na cadeia de valor do mercado de mineração, de infraestrutura em geral, de saneamento, precisam se adaptar mais rapidamente a estas demandas de descarbonização, demandas de maior cuidado com o entorno onde atuam e questões de ESG.
Dorian Zen, da Toyo Setal , explorou a grande oportunidade para Brasil crescer em fertilizantes. O Brasil é grande importador de fertilizantes, um contrassenso quando enxergamos o país como grande player mundial no cenário agro, com produtores relevantes de commodities agrícolas.
Este crescimento demanda fundamentalmente energia adicional e necessidade de fazer com que o gás chegue com menor preço nas indústrias, viabilizando produção de fertilizante em larga escala. Além disso, forte necessidade de apoio e incentivos de fomento, aceleração de licenças ambientais e incentivos fiscais são necessários para tornar os investimentos em plantas de fertilizantes viável e atraente a investidores, principalmente estrangeiros.
André Clark Juliano, da Siemens Energy , propõe que iniciativa pública, privada e academia resolvam a equação formada pela Necessidade de ampliação de rede de consumidores de gás natural e combustíveis no Brasil, necessidade de ampliação de produção para estes consumidores, fazendo isso a preços competitivos.
Apresentou visão interessante sobre necessidade de políticas públicas para inovação. Citando exemplos de que existem fomentos claros a inovação, como fundos setoriais, verbas de P&D em O&G e energia elétrica, revertidas em inovações para as empresas do setor, mas, ao mesmo tempo, trouxe importante ressalva para o fato de que o mundo não “premie”, ou privilegie, empresas que saem na frente, inovam, no sentido de produção de energia. Os premiados são os que usam em mais larga escala e com segurança.
Charles Fernandes , da TotalEnergies , falou sobre a importância de entrada de renováveis no portfolio de todas as empresas produtoras de energias fósseis.
Coloca que a TotalEnergies tem tomado muito cuidado na eleição de novos projetos de fósseis (principalmente óleo), visando manter atenção a dois principais critérios: baixo custo e baixa emissão de carbono. Tem sido importante a eleição criteriosa de projetos e investimentos, pois a empresa está presente em 130 países, tendo que realmente ser muito criteriosa em investimentos.
Interessantes abordagens no evento mostrando que há preocupação com a transição energética, sem dúvida, mas ao mesmo tempo, preocupação em manter matrizes de energia funcionando de forma diversificada. Onde busca-se alocar melhor os recursos financeiros de empresas e investidores, ao mesmo tempo, mantendo adequar utilização de cada um dos combustíveis e energias em suas melhores aplicabilidades.
Para a SEEL Engenharia , mostrou-se importante manter atenções a empreendimentos e obras nos segmentos de energia elétrica, aumentar a atenção em empreendimentos e obras no segmento de petróleo e gás, mas abriu muito os olhos para maior atenção aos segmentos de energias renováveis em geral e o leque grande de oportunidades para empresas de engenharia no Brasil.